sábado, 9 de julho de 2011

O escuro

Quero o escuro pra me aquecer.
Na verdade não quero,
Só me resta o escuro
Já que nada consegue me envolver
Sem doer ou me fazer adormecer
Digo então,
Resta-me o escuro pra me acalmar
Já que tudo parece somente me entediar
Ou irritar
Resta-me o escuro pra me deixar sonhar
Já que nada no mundo parece fazer parte dos meus sonhos.

Resta-me o escuro pra me permitir pensar
E entrar em mim mesma
Vasculhar o porão
Já que a claridade não deixa.
Na claridade parece que é errado
Parece que é pecado
Arrogância ou ousadia
Pensar.

Resta-me o escuro pra procurar
A saída do poço sem fundo
Da estrada sem rumo
O escuro me resta pra ressuscitar
As cinzas do coração
Transmutar a dor e a solidão
Buscar sentido e graça
Na vida que passa.


Maria Eliza

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